quinta-feira, 23 de agosto de 2018

ERA MÊS DE AGOSTO










Soprava o vento frio da saudade,
enquanto eu me entregava ao pensamento...
A folha da janela, qual lamento,
rangia a completar a soledade!

Assim, passou-se o tempo e, sem piedade,
de mim foi-me extirpando, sem unguento,
pedaço por pedaço inda sangrento
do que chamei um dia mocidade!

Os sons, o cheiro, a voz que me encantava,
os risos e as carícias que me dava
o tempo me tirara... por suposto...

Prostrado ali fiquei, diante de mim,
qual livro cuja história não tem fim
...até passar mais um... mais um agosto!


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A FORÇA INTRÍNSECA DO AMOR












Achei-te no meu sonho dessa noite;
estavas sorridente e bem fagueira!
Trajavas uma folha de parreira...
(não posso nem lembrar, sem que eu me afoite!)

A falta que me fazes é um açoite
e o sonho dessa noite, uma lareira
a me queimar por dentro a noite inteira,
e a me querer em ti noutro pernoite!

...................................................
...Pois quando o dia raiou, pintei-te em tela!
Pintei-te usando as tintas da aquarela...
e usei-as com carinho e devoção!

U’a força em mim brotou no pensamento,
capaz de ver a tela − em movimento!
...E te tornaste viva – em minha mão!

sexta-feira, 13 de julho de 2018

SIMBIOSE















Ao ver cair a tarde no horizonte,
relembro-te sentada lá na areia,
naquela praia, olhando a maré cheia,
e vendo o céu unir-se ao mar... defronte!

Sujaste o jeans de areia, a mão, a fronte,
mas nada preocupava-te, alheia...
Ficamos contemplando uma hora... ou meia!
Formávamos um par... um par simbionte!

Então veio u’a lufada traiçoeira,
jogou-nos − nau sem rumo − ante a pedreira,
e nós 'ao deus-dará', ao 'deus-querer' !

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Mas... se hoje eu te procuro no universo,
prometo-te − nas letras do meu verso −
em algum por do sol... eu vou te ver!

terça-feira, 10 de julho de 2018

TROFÉU





















Cantei nas madrugadas ao luar
os versos mais românticos que havia!
Cantei ao violão a nostalgia,
tentando os corações fazer sonhar...

As notas dedilhadas a tocar
perderam-se no ar, já sem magia;
a rua onde eu cantava está vazia...
a Lua é o que restou do meu cantar!

O tempo − agora ingrato e sorrateiro −
levou de mim meu dom de cancioneiro,
qual folhas... nalgum vento de monção!

Não vi... o tempo foi mui de repente!
Deixou-me um violão inconsequente,
que hoje... é meu Troféu Recordação!

segunda-feira, 2 de julho de 2018

A PEQUENEZ DA DOR HUMANA












A vida pulsa em mundos por aí,
na imensidão do cosmos, no distante;
renasce em novos corpos, cada instante!
− A obra divinal não cessa aqui!

A pequenez da dor em mim e em ti
se um dia foi-nos forte, lancinante,
é nada ante o universo tão gigante...
a mim, já nem me lembro se a senti!

Viemos aprender aqui na Terra
− que é escola a corrigir quem muito erra −
e aprende mais quem ama e dá perdão!

..........................................................
− Tão ínfimos nós somos no universo,
que mal nos vemos dentro deste verso,
que logo será nada... ali no chão!


segunda-feira, 14 de maio de 2018

LANÇAMENTO adiado para depois da Copa do Mundo












LANÇAMENTO adiado no Brasil, para depois da Copa do Mundo, devido à greve dos caminhoneiros!!!


HORÁRIO: De  
                                               c/a presença do autor

LOCAL: Choperia ZERO GRAU com show do músico Nill Resende! 

Endereço: Rua Marcílio Dias, 165 (próx. col. Salesiano), Jardim Jalisco - Resende-RJ

                   *  DÊ UM LIVRO A QUEM VOCÊ GOSTA!  *



sábado, 28 de abril de 2018

PRESSÁGIO: A Paz será renascida!




















− Moço, eu moro aqui nos longes...
em um rincão dessa terra.
Moro em frente a um riacho
que corre no pé da serra!

−Tá vendo aquela casinha
pintada de azul e branco,
grama verde e um jardim,
manacá, ipê e um banco?

− Pois é ali onde eu moro!
Eu já morei na cidade.
Tem recurso, tem dinheiro,
mas falta a tranquilidade.

− Aqui, eu pesco um peixinho,
tenho a horta... a plantação...
troquei o mundo lá fora
pela paz no coração!

− Viver sereno, seu moço,
ajuda a viver o pleno,
que é deixar fluir a vida
de um modo puro e ameno!
  
− Mas não fique triste não,
não pode mais piorar;
a consciência do povo
vai vencer, vai melhorar!

− Quando houver respeito mútuo,
quando houver honestidade,
quando o amor prevalecer
no seio da humanidade,

quando toda a juventude
receber educação
e a nossa sociedade
banir toda a corrupção,

tudo será como aqui:
Água limpa... ar puro... e vida!
Não mais haverá maldade
....................................
...e a paz será renascida!


sexta-feira, 9 de março de 2018

PEDAÇOS DE NÓS DOIS

















Por onde você anda?... Há tempos não a vejo...
Aquela foto antiga está descolorindo;
Tornou-se agora tênue imagem, se esvaindo...
Já não reflete o brilho do que foi desejo...

Por onde andam teus pés, fugindo do meu beijo?...
E o teu olhar sutil, discreto, me seguindo?
O teu pensar ao meu igual... coincidindo...
Onde andam tuas mãos que eu já não mais manejo?...

Parece que tua sombra ainda anda por perto,
Mas já não é o oásis desse meu deserto...
Não há mais o jardim... nem flores... nem botões...

Veio uma tempestade forte que assolou
E abriu u’a fenda enorme e em mágoas enterrou
Pedaços de nós dois e nossos corações...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O BOM SAPATEIRO é artista e é lenda














Sentado e encurvado, martelo e torquês,
a fôrma no colo e a peça de couro,
cuidada com esmero qual fosse de ouro,
tachinha entre os lábios, prega uma por vez...

Por fim, ao calçado ele dá altivez,
trazendo a certeza do lucro vindouro!
...O bom sapateiro ainda pole o tesouro,
deixando-o ao gosto de cada freguês!

A indústria chegou assumindo o seu posto!
Fez muitos calçados de bom e mau gosto,
fez lotes e lotes janeiro a janeiro,

ditou tantas modas a seu bel-prazer!
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Ainda perduram, que bom lhes dizer,
a arte e o talento do bom sapateiro!

sábado, 27 de janeiro de 2018

TECELÃO, um artista milenar


















O fuso faz linha de fino algodão,
que ganha outra vida com bela aparência,
tecida em teares de antiga existência,
urdida por arte do bom tecelão!

Já pronto o tecido, uma bela criação,
deslumbra a quem vê e constata a excelência,
ganhando o mercado, se expondo em balcão,
a ricos e nobres de muita influência...!

Os louros devidos, a estima, o apreço
ficaram sem vulto, por baixo de um preço,
que as mãos calejadas, jamais contarão!

As horas e os dias de tantos labores
serão relembrados, talvez, por atores
de humildes papéis... como o de um tecelão!...


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O VELHO FERREIRO (soneto hendecassílabo)


Na forja o ferreiro moldava o metal,
saído do fole qual brasa inda ardente,
e ali na bigorna, martelo e avental,
criava o perfil que brotava da mente!

O humilde artesão foi figura presente
num tempo longínquo beirando o feudal,
perdendo-se em luta cruel, desigual,
rendendo-se à indústria voraz e inclemente!

Lembranças ficaram da forja e do fole,
do ferro ainda em brasa fazendo-se mole
e o velho ferreiro empunhando o martelo...

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Aqui vos relembro, em singela oblação,
a espada e o escudo, a couraça e o brasão
− forjados num tempo sem mais paralelo!...