domingo, 8 de setembro de 2013

SER POETA


Sou poeta e sou assim:
Sou livre por natureza!
Os versos dizem de mim,
Quase sempre com certeza!

No comércio não me vejo,
Que não seja pra comprar;
Vez por outra, num lampejo,
Vem-me um verso a visitar!

As coisas são-me sonoras...
Palavras belas me animam...
Rápido passam-me as horas,
Entre as palavras que rimam!

O feio fica bonito...
Depende do olhar que temos;
Imagine-se o infinito...
Sua extensão não sabemos!

De nós sabemos tão pouco...
Voemos, vamos voar,
Pois, de poeta e de louco,
Não se conhece o pensar!
  
Assim é, pois, o poeta;
É um cultor da liberdade!
Seus versos não têm dieta;
Em seu lugar... Têm saudade!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

OS CASAMENTOS DE JUSÉ CASADO


Dona meu nome é Jusé
Vi você passando ali...
Que nome é o dessa cidade?
- Mas ora pois, Jataí!

Respondi sem entender:
Dona, é que eu não sou daqui!
Ela falou: Que qui tem?
Eu já falei... Jataí!

Ai meu Deus... Eu to aqui
Mai to sem entender nada...
Mineira, muié arisca,
Disse: Gostei da cantada!

Logo veio o pai da moça,
Com espingarda no ombro...
Disse, moço eu faço gosto!
Se num casar vira escombro!

Olhei... A estrada de um lado...
Do outro uma rua vazia...
Falei, seu moço eu aceito
E vou casar cum sua fia!

Dali virei fazendeiro,
Com uma dúzia di fiis!
Meu sogro bom companheiro...
A sogra... Essa eu num quis!

Casei de novo na frente,
Quando cheguei noutro rancho
(Um cabra num quis casar
Foi pendurado num gancho)!

Falei, do gancho eu escapo
Porque a dona é bonita!
Era uma moça ajeitada,
Cheirosa, em roupa de chita!

Fui logo fazendo graça,
Convidando pra dançar...
O pai dela entrou na frente,
Disse: Vamo cunversar!

Eu, como bom nordestino,
Num tenho medo de faca!
Na bainha uma peixeira
Risca até couro de vaca!

 ̶  Minha filha é uma moça
Muito fina e bem prendada;
Eu lhe dou minha palavra
Que ela nunca foi casada!

Pensei comigo, e eu...?
Sou casado tantas vezes...
Algumas, as mais distantes,
Vejo de dois em dois meses...

Ganhei parte da fazenda,
Sem nem pegar no pesado,
Mais u’a donzela bonita
E mil cabeças de gado!

Fui depois casar com outra,
Quando mudei de cidade;
De Goiás a Araguari,
Casei com outra beldade!

Passei por Tupaciguara,
Já nas terras das Gerais,
Lá conheci Tonieta,
Mais braba que capataz!

Falei, Deus do céu me acuda,
Que a coisa vai ficar feia!
Fui somar quantas eu tinha,
Tinha mais de dúzia e meia!

Nossinhora, ela falou,
Sapassadeuvim aqui
Sei qui oncotava ocetava
Mai num vi oce ali...

Sas conversa, vixe... ah nem...
Meu negossss é namorá!
Quis conhecer a rival
Foi comigo a Itajubá.

Saimo no dia seguinte,
De lá fumo eu e ela...
Deixava ela ir na frente,
Pra oiá pra bunda dela!

Deixei ela em sua casa
E peguei de novo a estrada;
Casei de novo cum outra,
Sem saber que era casada!
  
O marido era valente,
Parente do Lampião!
Eu disse a ela, eu sou mais!
Faço esse aí lamber chão!

Casava um dia num lugar,
No outro, com outra muié!
Casei tanto até chegar
Lá na minha Jequié!

Lá juntei a muierada,
Que era pra comemorar...
Mas ganhei foi vassourada,
Até o galo cantar!

Minha intenção era boa...
Ia fazer era uma festa!
Mai ganhei tanta porrada...
Mai de dez galo na testa!

...................................
Casar com muita muié
Aprendi qui num dá certo!
Basta ter uma de fé
E meia dúzia por perto!