domingo, 23 de fevereiro de 2020

O BEIJO GELADO da bela dançarina
















As luvas que ela usava tinham marcas
do rouge e do baton cor de carmim!
As plumas esvoaçavam no cetim,
enquanto os pés douravam as alparcas!

O baile era o mais fino entre as comarcas
e havia mesas postas no jardim;
(um luxo em carnaval para os monarcas)
˗ Sentei-me em meio ao cheiro de jasmim...

De súbito, soprou-me ao meu ouvido,
num misto de sussurro e de gemido,
a voz mais doce e terna que já ouvi!

Virei-me e... era a bela dançarina,
qual fosse um holograma em purpurina!
Beijou-me e disse... adeus... eu já morri!

A LÓGICA NO EFÊMERO DA VIDA















Ofusca aos olhos meus e aos olhos teus,
o brilho que cintila qual estrelas,
na luz que nos fascina só de vê-las
...Ofusca aos olhos teus e aos olhos meus!

Se pérolas expostas nos museus,
o preço eu pagaria para tê-las;
ourives eu teria a refazê-las;
o ateu viria a ser um semideus!
....................................................
Enquanto o cintilar externo afronta,
a vã sabedoria desaponta...
e perde-se no brilho que há por fora!

A lógica da vida não se perde!
Perdem-se o brilho e as joias que se herde
˗ O corpo fica... a alma vai-se embora!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

NOTÍVAGA




















Despetalada flor em rubro leito,
a retorcer-se em gestos de luxúria,
avulta-se de arroubos quase em fúria
na maciez da pele onde eu me deito!

Fervilha o sangue ardente em nosso peito,
sem termo ou sem medida, sem lamúria,
e lança-nos incautos sem penúria
no ato mais gostoso e mais perfeito!

Invade-nos a lua na madrugada,
enquanto a brisa afaga enluarada
as curvas do seu corpo onde eu me faço!

Notívaga... se mostra inda mais bela
e lânguida se vai, pela janela...
.....................................................
Eu nunca mais deitei-me em seu regaço! 








segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

SUSSURROS















Não sei o que dizer quando, em lampejo,
sussurras para mim sem me avisar
e em pétalas te mostras devagar,
na maciez da pele que ora vejo!

Por toda essa nudez que é meu desejo,
o mundo em mim se curva a me cobrar,
mas entro na volúpia desse ensejo
e enrosco-me em teu corpo a me instigar!
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Não conto mais o tempo... vão-se as horas...
os ais se reverberam... tu nem coras,
imersa na fusão que propusemos.

Dizemo-nos loucuras, tantas coisas,
que o mundo nunca disse em velhas loisas
...e nunca alguém dirá... como dizemos!