quarta-feira, 29 de junho de 2016

"POESIA PRA QUÊ?" - Poesia pra tudo!
















Um dia eu li alhures um clichê
(talvez vindo de alguém que não tem alma);
de pronto, eu disse a mim: Deus, dê-me calma!
E li a frase então: “Poesia pra quê?”

− Ora, buscai a luz... onde se vê!
Senti a vida clara como o talma!
Vede bulir − à brisa − aquela palma!
...A poesia é um bálsamo... à mercê!

Buscai serenidade... e achai a paz...
Buscai o sol e a vida que ele traz,
em versos que a beleza contagia!

Vereis a cor do céu, campinas, mares...
Até dos anjos ouvireis cantares
e os cânticos mais belos... em poesia!

terça-feira, 21 de junho de 2016

MINHA SÃO LUÍS


Velha cidade que eu amo
De casarões e azulejos
Quanto mais eu falo em ti
Mais aumentam meus desejos!
Não sei se Deus me concede
A graça que d’alma pede
A força dos meus ensejos...

Se o tempo for meu amigo
Eu juro que te revejo 
Para matar a saudade
Do jeito que mais almejo...
Guardo lembranças tamanhas
Da infância e das artimanhas
...Que de olhos rasos eu vejo!

domingo, 19 de junho de 2016

SÃO LUÍS TAMBÉM MUDOU...


Minha São Luís de outrora
não mais vejo nos jornais...
Tiraram de lá o bonde,
levaram não sei pra onde,
motorneiros não há mais...
(Tive um primo motorneiro;
na profissão era um ais!
Nas subidas e descidas,
conduzia muitas vidas
...Mas nem consta nos anais!...)

Os casarões de azulejos,
que agora já são tombados,
carecem de proteção;
não sofrem manutenção
e estão muito maltratados!
Os políticos não ligam.
Sabem que serão votados,
pois o voto é obrigatório
e, como num purgatório,
os eleitores... coitados!

O bom cuscuz de arroz
era vendido na esquina;
geralmente, uma senhora
atendia-nos sem demora,
ao despontar da matina.
Ralava um coco fresquinho,
cantando um ‘tambor de mina’,
pra fazer a cobertura
do cuscuz da criatura...
era, pois, sua rotina...

Os pregoeiros nas ruas
gritavam com seus chavões;
ora era o verdureiro,
outra vez era o peixeiro...
frutas, legumes, carvões...
‘Olha o carvão de variiinha’
um cofo por dois tostões!
Um homem cedia lugar
para mulher se sentar
nos bondes... nas conduções...

O português bem falado,
que merecia menção,         
hoje sofre as influências
de outras tantas procedências,
mormente televisão!
Nossa Atenas brasileira
− São Luís do Maranhão −
precisa manter-se firme!
Que nossa gente se afirme
na cultura e tradição!

Ah! Se fosse permitido,
no tempo eu lá voltaria...
mas não desisto de achar
que algo mais pode mudar,
sem que seja fantasia.
Que a violência se acabe,
volte a paz e a alegria!
Que autoridades trabalhem
e que seus atos não falhem
...na São Luís de hoje em dia!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

SAUDADES


Amei-te, sem saber que amava tanto...
não tinha referência desse amor...
amei-te, na inocência desse encanto,
mas dei-te pra beber a minha dor...

Dei-te de mim meu tudo, sem supor
que eras pra mim bem mais que não sei quanto!
Choramos eu e tu num grande pranto,
que ainda fere e dói o interior!

Como sofri no dia em que partiste...
o sofrimento desde então persiste
e, lentamente, mata-me por ti...!

Se sofres, também sofro de saudades,
mesmo que passem anos e as idades!
...Tu és o amor maior que eu já vivi!


terça-feira, 7 de junho de 2016

TENTATIVAS








Sigo apagando d’alma os teus resquícios,
esperançoso, enfim, de te esquecer.
Tento apagar as sobras, desperdícios,
pra não correr os riscos de te ver.

O vento traz-me, sem o meu querer,
qual fosse em voz, murmúrios e bulícios;
traz-me os queixumes, traz-me os teus suplícios
e traz-me a ânsia toda do sofrer...

Já não sei se é possível meu intento,
pois que te vejo aqui, sempre que tento,
E quase em desespero eu perco a calma.

A cada tentativa pra esquecer-te,
tu me apareces, como que num flerte,
e, incauto, eu cedo e entrego-te minh’alma!

domingo, 5 de junho de 2016

...O TEMPO GANHOU


A saudade da infância
que guardo dentro de mim
parece não ter mais fim
o tempo quis por empenho!
O ontem vem-me sereno,
a fervilhar na memória,
e as peças da minha história
se juntam num grande engenho!

Por vezes, eu me pergunto
por que saudade entristece...?
Garanto que, se eu soubesse,
teria, sim, dado um jeito;
pois, digo-lhes com firmeza,
da minha infância querida
saudade eu trago incontida,
guardada dentro do peito!

Às vezes, olho pro longe,
a me sentir um menino;
olho pro céu, sol a pino,
e empino o meu papagaio...
o vento vem como outrora,
e eu penso, como em criança,
quando esbanjava esperança,
sob o azul de um céu de maio:

Um dia, quando eu crescer,
tornando-me então adulto,
quem sabe, um jurisconsulto,
ganharei qualquer porfia!
Pois essa o tempo ganhou...
levou-me o tempo-criança
e em troca, deu-me de herança
um dom... que é o da poesia!

Confesso queria mais;
queria ser astronauta;
tornei-me um mero internauta,
das letras cultivador...
Lá nos tempos de criança,
brincava com os aviões,
estradas e caminhões...
na bola fui jogador!

Agora, ficando velho
e o tempo em velocidade,
no rosto rola a saudade
molhando e caindo ao chão!
...........................................
Peço perdão do que errei
se a alguém causei dissabores;
e a quem me amou, mando flores
...de dentro do coração!