− Seu moço, eu morava
ali...
Tinha perto do caminho
Um riozinho limpinho,
Que dava pra ver o
fundo!
Eu via os peixes
nadando,
Subindo na correnteza,
Via em volta a natureza,
Coisa mais linda do
mundo!
A estrada feita de
terra
Pra carro de boi passar
Ornamentava o lugar,
Nas voltas que o rio
dava...
Dois sulcos, mato no
meio,
Flor do campo e
vassourinha,
Areia fina e branquinha
Era o que a vista
alcançava!
Aqui e ali u’a casinha,
Entre a folhagem da
mata;
Era uma vida pacata,
Onde a paz fazia morada...
Tanto tempo e inda me
lembro...
Ali sentia-me seguro,
Sem cerca, arame e sem
muro,
Na paz do rio e da
estrada!
De vez em quando, as pessoas
Passavam cumprimentando,
Iam pela estrada, andando...
Carro mesmo, só o de
boi;
Mas o tempo foi
passando,
Dando lugar à certeza
De que nem mesmo a
beleza
Seria o que um dia foi!
O riacho ficou sujo,
Os peixes todos sumiram;
Por fim, as árvores viram
A debandada das aves...
Chegaram as motosserras,
Os algozes, os vilões,
Tratores e caminhões,
A transitar sem
entraves!
............................................
− Fez u’a pausa aquele
homem
Que contava a sua
história
Guardada em sua memória.
Acocorou-se e chorou...
De onde estava
acocorado,
Levantou-se, olhou pro
céu
Pôs na cabeça o chapéu,
Partiu... E não mais voltou...
Lamento de um brasileiro,
Voz embargada ao falar,
Que viu seu sonho
acabar
Mutilando a sua vida!
Suas lágrimas davam
conta
De tanta dor e
impotência,
Da via sacra e ‘sofrência’,
De uma esperança
perdida!
Tudo em nome de um
progresso
Suspeito e manipulado!
Por trás, um patrão
letrado,
Com mandato e posição!
− Os pobres perderam
tudo!
De ninguém chegou apoio;
Sem a roça, a terra, o
arroio
.....................................
Morreram na precisão!
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