Deixo aqui nesse papel
Momentos de um tempo antigo
Histórias que vêm
comigo
Que não consigo
esquecer
São coisas lá da
infância
Que ficaram na
distância...
Mas... 'recordar é viver':
Em um pedaço de
arame
Dobrado qual fosse um
L
Com cuidado à flor da
pele
Colocava uma
espoleta
Detonava atrás de
alguém
Disfarçava, olhava
além
E voava igual
cometa!
Jogava bola na ilha
Nadava no rio Corda...
Hoje a lembrança
recorda
Com vontade de voltar!
Infância livre e
sadia
Deus me deu e eu nem
sabia
Que um dia iria se acabar!
Nos cipós das
gameleiras
Que havia na beira do
rio
Em ato dito bravio
Eu pulava lá no meio...
Igual um peixe
nadava
Era a vida que eu
amava
Sem medo, dor, sem receio!
Uma roda e um arame
Uma bola, um
desafio
A correnteza do rio
O empinar de um
papagaio
Faziam parte da
vida
Graças a Deus bem
vivida
Todo o ano, maio a maio!
Meus carros tinham
estradas
No quintal da minha casa
Trapézios e voo sem asa
Lá no quintal da vovó!
Papel de bala era
ingresso
Nosso circo era um sucesso
...A Vilma era o meu xodó!
Com flecha acertava as
mangas
Quase sempre de primeira
Tijolinhos em caieira
Pra carregar caminhão
Pilhas usadas ‘tambores’
Meus caminhões tinham
cores
Nas estradas do meu chão...
Havia índios nas ruas
As índias com curumim
(Eu cresci num meio
assim)
Eram do grupo Canela.
Eu passava pela rua
Via índia seminua
...Ficava olhando pra
ela!
A casa do Olímpio Cruz
Tinha uma calçada alta
E eu ˗ já menino peralta
˗
Ia pra ver índia passar...
Disfarçava na calçada
Vez por outra, uma olhada
Ninguém ia desconfiar!
Montei no lombo do tempo
Que me levou mundo a fora
Disse adeus e fui-me
embora
Pra longe daquela terra
Mas... a memória é
tamanha
Por onde vou me acompanha
E quase sempre não erra!
Ah tempo bom... hoje eu sei
Vivia como queria
Na inocência e na alegria
Rodeado de amizades...
Já não vejo essas pessoas
E aquelas horas tão boas
Deixaram-me só saudades...
Não falo mal desse
tempo
Mas louvo o meu tempo
antigo
Que até se fez meu amigo
E me levou de roldão!
Hoje lembro com um
sorriso
E digo: Quando
preciso
Eu tenho o tempo na mão!
Aqui ˗ mesmo aposentado ˗
Vivo em meio aos afazeres.
A vida dá-nos
prazeres
Que podemos desfrutar!
...Cabe-nos fazer o
bem
Ajudar, não ver a
quem,
Por fim... amar e
amar!
..................................
Ó minha Barra do Corda
Um dia lá vou voltar
Vou no rio me banhar
Pisar de novo esse chão
Por enquanto é na
lembrança
Que volto a ser a criança
Que te tem no coração!