sábado, 30 de julho de 2016

UMA VIAGEM E TANTO!
















Um dia, olhando o horizonte,
na tênue linha distante,
esse meu lado pensante
quis pra longe me levar!
Viajei pela memória;
voltei a ser um menino;
mas, de repente, o destino
foi de novo me buscar!

Vi a casa onde eu nasci,
o quintal onde eu brincava...
vi a corda que amarrava
meu trapézio a balançar...
vi o lodo esverdeado
depois que a água empoçava
− Se pisasse, escorregava;
tinha que esperar secar!

Vi meus carros de madeira,
carregadinhos de pilhas;
vi as estradas e trilhas,
onde tinham que passar!
Ouvi minha mãe querida
cantarolando feliz...!
Da vida eu era aprendiz
...nada a me preocupar!

Vi aviões que eu fazia
com talas de buriti;
ouvi cantar juriti,
corrupião e xexéu;
mergulhei no rio corda,
joguei bola com os amigos
lembrei-me até dos castigos
no milho... rezando ao céu...!
  
Um pé de coco bem alto,
ata, limão e amora;
vi, como se fosse agora,
caju, manga, imbu... cajás...
de um lado, tinha um muro;
do outro, cerca comprida...
Ó minha infância querida,
nunca mais tu voltarás...!

Quando eu partir deste mundo,
levarei muita saudade,
que acumulei com a idade,
nesse curto caminhar;
não sei que vida terei...
mas peço a Deus o destino
de voltar a ser menino
− com asas − para voar!

quinta-feira, 28 de julho de 2016

TEMPOS DE INFÂNCIA
















Na casa de minha avó,
Nos tempos de minha infância,
Que o tempo leva em distância
E que não voltam jamais,
Naqueles dias de rosas,
Eu brincava na amoreira,
Saltava sobre a fogueira,
Que o tempo as cinzas me traz!...

No quintal da velha casa,
Havia um pé de caju,
Ao lado de um pé de imbu,
Onde eu me punha a brincar!...
Tudo era puro e tão bom!...
Havia figos gostosos,
Imbus, cajus saborosos,
Naquele velho pomar!...

A meninada sadia,
Risonha, alegre e feliz,
Nos folguedos infantis,
Encantava a minha avó,
Ora fazendo arruaças,
Tirando frutas maduras...
− Pequeninas criaturas...
Éramos todos um só!...

.............................................
Daqueles tempos tão lindos,
Aquela infância querida
Voou nas asas da vida
E em nuvens se transformou!
Agora, vaga nos longes...
Bem longe daquela terra,
De que a lembrança ainda encerra
O que o tempo lá deixou!...

segunda-feira, 25 de julho de 2016

NA TÊNUE LUZ DO OCASO




















De nós foram-se as mágoas escondidas;
as dores mal curadas já se vão;
só restam cicatrizes das feridas,
que o tempo bem curou com sua mão!

Das telas que se expõem à abrasão,
as cores desfizeram-se esvaídas...
mas, cores... poderão ser revividas
se o artista lhes aplica outra demão!

É pena que aprendamos tardiamente
− na tênue luz do ocaso, no poente –
a ver os descaminhos do mal feito...

Quem sabe, outra existência... uma outra vida,
com mais uma lição já aprendida,
possamos refazer tudo... direito!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

QUANDO ELA CHEGOU














Amanhecia o dia entre a neblina
e, aos poucos, passos céleres se ouvia...
uma janela aqui e ali se abria;
o dia amanhecia em cada esquina!

Passantes caminhavam em surdina...
o toque-toque em duro chão batia,
e o mourejar da lida, em novo dia,
voltava, àquela hora, à sua rotina...

Amanhecia também em minha vida!
Naquele caminhar, em meio à lida,
enquanto eu enfrentava a manhã fria,

ouvi, em suave voz, de não distante,
o seu convite: ‘vem, que irei adiante’
...e completou: ‘meu nome é Poesia!’

terça-feira, 19 de julho de 2016

NÁUFRAGO













Qual náufrago, hoje aporto no teu mar...!
Do plenilúnio a luz que te prateia
desenha os seios teus na minha areia,
que espumas cintilantes vêm saudar!

Por anos, naveguei, a procurar
da história a tênue luz que me norteia,
a chama que me guia igual candeia,
e encontro-te na luz desse luar!

Ó tempo, preservaste-nos tão bem!
Da escolha que me deste eu fui além,
na longa caminhada neste mundo!

Os louros que colhi na trajetória
dão conta do que foi essa vitória,
bem diante desse amor − o mais profundo!

domingo, 17 de julho de 2016

SONETO E SONETILHO, o erro continua!











Oh! Como é triste errar por indução,
por mais que entenda não ser culpa sua...
As vestes do sistema deixam nua
a pobre e preguiçosa educação!

Escrevem sonetilhos − sem noção −
e chamam de sonetos... pela rua!
Petrarca choraria em comoção,
ao ver que erro tão feio continua!

Os pais do modernismo preguiçoso
usaram seu prestígio duvidoso,
por não serem capazes de aprender!

O termo sonetilho não lhes serve,
pois acham depreciar a sua verve
...e o povo aprende errado, sem saber...!

sábado, 2 de julho de 2016

PORTAL NO FIM DA LONGA ESTRADA


Vagueia descuidado em todo canto,
percorre os labirintos escondidos,
de todos ouve os cantos já ouvidos,
e o ser chora e refaz-se no acalanto...

Não se apercebe o humano, antes do espanto,
ao ver que dessa vida anos vencidos
perderam-se no tempo, sob um manto
de estúpidos pensares esquecidos!

A vida − este presente precioso −
faz esquecer ao ser que é, então, ditoso,
que é efêmera... que vai... que é passageira!

À frente, há um Portal silencioso...
vai transportar-lhe em gesto majestoso
...ao fim da estrada longa e lisonjeira!



SORRIA !


Cada sorriso em nós colore o mundo,
com o branco radiante do marfim!
Cada sorriso em nós, cor de jasmim,
enfeita o mundo assim, cada segundo!

É a vida a se aflorar bem lá do fundo,
que encanta o mundo como encanta a mim...
Em versos perambulo, vagabundo,
enquanto houver sorriso, até o fim!

Nos sulcos dessa vida castigada,
aos trancos e barrancos maltratada,
deixe as mazelas, viva, ria, ria!

A espera do amanhã é festejada,
seja com um sorriso ou gargalhada
...e a vida se renova a cada dia!