segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DÚVIDAS

Tem horas que decifro o teu sorriso,
Em duas pequenas letras alternadas,
Como o chegar das curvas das estradas,
Que não se sabe o estado do seu piso...

Por vezes tento em vão adivinhar
A intensidade, o grau do teu amor...
Divago entre perguntas a supor
E acabo sem resposta ao meu pensar!

Só o tatear de mãos nos faz sentir,
Que atrás de algum sorriso pode vir
A curva mais bonita dessa estrada.

Não há divagações, não há perguntas,
Que possa adivinhar o que tu assuntas,
Ainda que tu saibas que és a amada!

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

DUALIDADE

Vaguei um tempo longe deste mundo,
Me vi livre de todos os problemas,
Mas sem eles, caí noutros dilemas,
Não tinha referência, nem segundo,

Nem minuto, nem hora, tempo algum!
Nada era bom, pois nada era ruim,
Nada era assado, pois nada era assim,
Não havia nem dois, nem três, só um!

Alegria era zero, sem tristeza,
Rico não vi, pois não havia pobreza,
Gorducha nunca vi, nem vi magrela!

Não vi felicidade, nem infeliz,
Não vi as cores, não havia matiz,
Por isso morri Eu... Na falta d’Ela!

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OS NOVE NÃOS

Não viva os dias só, não seja egoísta.
Não busque atrás do espelho o seu reverso.
Não siga algum caminho se perverso
Assim lhe parecer, à sua vista!

Não deixe que a mesmice lhe acorrente.
Não seja rabugento, seja amigo.
Não busque em suas mágoas um abrigo.
Não seja em sua vida um ser ausente.

Não se deixe levar pelas lisonjas,
Que são macias e agem como esponjas...
O mal também se esconde em gentileza!

Não exagere ao dar linha à sua pipa,
Cortam-lhe com cerol, cai qual tulipa
E se mistura ao lixo, sem beleza!

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PERDAS

A distância nos faz sentir assim,
Por vezes esquecidos, relegados...
Indagamos de nós: Quem os culpados?
Culpados todos nós somos, enfim...

Às vezes percebemos nossas perdas,
Só em situações iguais às que vivemos.
Comparo co’os cabelos que perdemos...
Difícil sempre é repor as cerdas!

Lembranças boas são das nossas vidas,
Para não serem nunca esquecidas,
Pois construíram em nós o que hoje somos.

Por isso, aproveitemos nossos dias,
Trazendo do passado só alegrias,
Para sermos felizes como fomos!...

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SUAVE FLOR (glosa)














Entre flores e rosas deste mundo
És a flor mais suave em meu jardim!

És o meu lenitivo e minha vida
És a Lua e a luz que vem do céu
Que me encanta e me faz um menestrel
És a flor perfumada e bem nascida
Que plantada em meu peito e já crescida
Se mistura ao perfume do jasmim
Que plantaste também dentro de mim
És o amor que se cala aqui no fundo

Entre flores e rosas deste mundo
És a flor mais suave em meu jardim!

Não me ocorre um minuto por perdido
Se esse tempo dedico a imaginar
Todo o tempo que tenho para amar
Esse amor que me foi oferecido
Que me veio na flecha do cupido
Que promete entre nós não ter mais fim!
Nesse amor eu te vejo sempre assim
Como a flor de um perfume o mais profundo

Entre flores e rosas deste mundo
És a flor mais suave em meu jardim!

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PREÇO DA FAMA












Na tua falta eu perco um tanto aqui de mim!
Não é como o cair de pétalas no chão,
Pois que sempre haverá mais uma no jardim.
É falta que dói fundo no meu coração!

Na tua ausência, sempre em mim falta um pedaço,
Vou capengando e nunca vejo a luz no fim...
Falta o pulsar sutil que trazes no regaço
E sobra-me a tristeza de me ver assim...

Mas quando tu regressas, vem contigo o riso,
Fazendo-me completo com o que eu preciso
E tu te sentes dona de minh’alma enfim!

Pois é, pagamos juntos o preço da fama!
Em troca, no reencontro, há o acender da chama,
E somos eu pra ti... E tu toda pra mim!

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MANHÃ DE ENTREGAS












Ó vida minha, amor da minha vida,
És como a flor, que se abre nas manhãs...
Mostras na face o róseo das maçãs,
Ninguém imagina o quanto tu és querida!

O suave odor que exala o corpo teu
Faz-me querer ficar mais um pouquinho...
Percorro o corpo inteiro com carinho
E enroscas esse corpo ao corpo meu!

Esse passeio em curvas definidas
Faz-me sentir qual fosse um escultor!
Sigo os detalhes, doces investidas,

Provo do néctar dessa ardente flor
E entrego-me de todo, sem medidas,
Nessa manhã de entregas desse amor!


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sábado, 1 de outubro de 2011

A HISTÓRIA DE JOÃO-GRANDE












Encontrei nego Saci
Pulando nu’a perna só
Nessa noite nem dormi
De tanto que senti dó
Pois a história que eu ouvi
Nela tanto eu me envolvi
Que rasguei meu paletó!

Saci falava tão sério
Que me envolvi de verdade
E naquele despautério
Transformei em realidade
Um fato tão deletério
Quase fui pro cemitério
Com toda sinceridade!

Corre o Saci com seu gorro
Olhando com olhos grandes
Alguém grita por socorro
O chão embaixo se expande
Há um vulto subindo o morro
Vejo no chão onde corro
Marcas do pé do João-Grande

Ó meu Deus que rebuliço
- Grita a moça apavorada
Parece um chão movediço!
- Respondi: É uma enxurrada
Corra praquele maciço
Não se arrisque a ter sumiço
Se abrigue lá nu’a latada

Falando isso corri
Em meio ao buritizal
Matos quebrando eu ouvi
Pro lado de um bambuzal
Respirei fundo e senti
Um cheiro de sucuri
Dona de um bote mortal

Ensinou-me a experiência
Que abrigo fica no alto
E co’aquela consciência
Não perdi tempo e num salto
Usei força e sapiência
Para minha subsistência
Subi pra longe do assalto

Acontece que lá em cima
Tinha um cheiro tenebroso
Que mesmo naquele clima
Era um cheiro cavernoso
Fui perdendo a auto-estima
- Sei que isso desanima
E fui ficando nervoso

De repente um movimento
Da árvore que eu escolhi
Para ser meu livramento
Fez-me ver longe o Saci
Que mais leve do que o vento
Viu de lá meu sofrimento
E o lugar onde eu subi

João-Grande, vem me pegar!
- Gritou ele já correndo
A árvore pôs-se a andar
E a casca toda mexendo
Eu danei a escorregar
Fui parar no polegar
Daquele monstro horrendo!

João-Grande era um gigante
Mistura de bicho e gente
De um aspecto degradante
Mas que não era valente
Era um ser que andava errante
Solitário caminhante
Que só comia semente

Quando no seu pé me viu
Deu um urro alvoroçante
Que o vento que ele expeliu
Derrubou árvore adiante
E a mata toda se abriu
U’a velha ponte caiu
... Fui acordar bem distante!

Quando João-Grande corria
Abria clareira no chão
A terra toda tremia
Ressoava qual trovão
Mas João-Grande não sabia
Porque o povo corria
Com medo da sua mão

Até que numa hora santa
Algo caído do céu
Que nada tinha de planta
Fez ali um fogaréu
E a correria foi tanta
João-Grande abriu a garganta
Pra comer o seu pitéu

Querendo entender ao certo
Saci foi se aproximando
Com folhas também coberto
Em sua perna pulando
Foi quando viu bem de perto
João-Grande em folhas coberto
Em árvore se tornando!

Pouco tempo se passou
Seu topo sumiu de vista
A altura quintuplicou
Já não se vê mais a crista
Em nuvem se transformou
Dizem que à Lua chegou
E que de lá nos avista!

Saci contou-me essa história
Numa noite enluarada
Peito inflado de vanglória
Sentado numa calçada
Em eloqüente oratória
Para deixar na memória
Sua história bem contada

João-Grande mora na Lua
Bem longe daqui da Terra
- Diz Saci, que perpetua
O que sua lembrança encerra
E na ingenuidade sua
Agora pula na rua
Despede-se e sobe a serra!